Estamos a poucos dias do Dia Mundial da Missão, o próximo
domingo dia 21. Um dia que nos é dado como uma boa ocasião para revigorar a fé.
A fé que nos faz rasgar horizontes, derrubar barreiras e ver a vida como um dom
de Deus. Um dom que queremos anunciar.
«Ide pelo mundo inteiro e anunciai o
Evangelho» (Mc 16, 15). Este foi o mandamento explícito do Senhor aos seus
discípulos antes de subir ao céu. Através dos séculos os cristãos escutaram estas
palavras e acolheram-nas. Cada geração deve escutar e acolher este mandamento
missionário de Cristo e é a nós, hoje, que compete fazê-lo nas circunstâncias históricas em que vivemos.
Acreditar,
para os primeiros cristãos, não era nem um suplemento, nem uma realidade supérflua da sua existência. Era algo de decisivo. Eles viviam com a
consciência clara de serem a luz do mundo e o sal da terra, e que a Boa Nova do
Evangelho era o fermento no meio da massa de uma sociedade pagã.
Ide, significa ir ao encontro dos outros. Ir à sua procura. É preciso encontrar o homem que
perdeu o caminho do seu ser cristão. Ir para evangelizar o vasto mundo do
trabalho, da cultura e da sociedade para que cada uma das profissões sejam
exercidas com justiça e caridade evangélicas.
Ir significa começar a viver um cristianismo dinâmico cheio de zelo para não o deixar reduzir às cinzas de uma fé rotineira
ou de algumas práticas religiosas sem vida. De qualquer posto de trabalho e de
todo o lugar, o cristão que experimentou a amizade de Cristo, viverá sempre com
o ardente desejo de o dar a conhecer indo ao encontro do homem que sente sede
de Deus.
O Evangelho não
se anunciou de uma vez por todas na história. Ele tem de ser proclamado com
ardor em cada época. Pertence-nos a nós proclamá-lo com vigor e com paixão na
nossa época.
Mas não
basta sair à rua ou empregar novas fórmulas de apostolado se no interior de cada
um de nós não pulsar um coração de apóstolo. É necessário, antes de mais,
formar um coração apostólico. É preciso lembrar que se é apóstolo a partir do
interior e que não são as circunstâncias exteriores que nos constituem como
tal. Não somos apóstolos porque exercemos uma responsabilidade, uma actividade
apostólica ou um ministério, nem porque desejamos vagamente fazer qualquer
coisa pelos outros. Somos apóstolos por vocação, porque Jesus Cristo nos chamou
a levar ao mundo inteiro o seu Reino de paz, de justiça e de amor. Somos
apóstolos, cada um de nós, na medida em que estamos unidos a Cristo pela graça do baptismo e nos identificamos com a sua missão redemptora.
A urgência
do apostolado vem do interior, do amor que cada um professa na sua relação com
Cristo. Se não existir um amor verdadeiro por Cristo e pelo próximo, não existe
apóstolo autêntico. Ser apóstolo é a componente essencial do cristão. É por
isso que anunciar o Evangelho não é uma tarefa ao lado de muitas outras. É a
missão à volta da qual o cristão deve polarizar a sua vida. Não se é apóstolo a
determinadas horas e a determinados dias. Toda a vida do cristão é uma vida
apostólica porque cada momento da vida é uma ocasião propícia que Deus lhe
oferece para a anunciar o Evangelho de Jesus e proclamar a vinda do seu Reino.
Que este dia
Mundial da Missão seja para todos nós a ocasião propícia de renovarmos o nosso
ser apóstolo do Reino de Deus. Sentirmos em nós o desejo ardente que todos os
homens conheçam Jesus Cristo para que depois, com toda a liberdade e clareza de
espírito possam dizer: "Eu também quero ser de Cristo".
Que através
das vossas orações e dos vossos dons generosos, o Reino de Deus possa chegar a
toda a humanidade.
« Hoje
não é o momento de esconder o Evangelho, mas de o gritar sobre os telhados»
(Cf. Mt 10, 27 ).
Texto: P. António Lopes, SVD
Foto: Tony Neves