sexta-feira, 30 de março de 2012

PÁSCOA, O VALOR DA COMUNHÃO


Conta-se que uma tarde, no mundo das matemáticas onde tudo é exato, começou uma grande discussão porque cada número queria demonstrar que era o mais responsável e o mais valioso de todos.

- Eu sou o de maior responsabilidade e importância, disse o número 1, porque para tudo sou o primeiro.
- Não, interrompeu o número 2. Eu sou o mais responsável, porque para que haja vida é necessário um casal, e sem mim não existia.

O número 3, rindo-se dos seus companheiros, disse: - Eu represento a Santíssima Trindade e por tal responsabilidade ninguém pode negar que sou o mais importante.

O número 4 quis mostrar a sua grande responsabilidade e importância e falou de cadeiras, mesas, camas, animais e todas as coisas que têm quatro pernas, para além das quatro estações do ano e que sem ele não podiam existir.

A discussão estava cada vez mais acesa e alguns números que no princípio nem queriam intervir, terminaram por defender o seu valor.

- Para que as mãos tenham cinco dedos e também cinco dedos os pés, para além dos cinco sentidos que passam pela minha responsabilidade, que seria dos homens sem mim, o número5?

O número 6 também não quis ficar calado. Deus criou o homem ao sexto dia, por isso a minha responsabilidade e transcendência é muito maior. Sem mim, nenhum de vós serviria para nada.

- Desculpa, disse o número 7, se a conversa vai por aí, então tenham em conta que eu represento o 7º dia e fui declarado santo pelo próprio Deus. Quem pode duvidar que eu sou o de maior responsabilidade e o de maior importância em relação a todos vós?

Por um momento todos ficaram sem fala, até que o número 8 levantou a voz e disse: - Esta discussão parece-me absurda. Mas se tenho alguma coisa que dizer, tenho de afirmar que, digam o que digam, eu sou o maior de todos, pois tenho mais valor, importância e responsabilidade.

Houve de novo um grande alvoroço e começaram todos a discutir. O número 9 olhou para o 8 de soslaio e com ares de superioridade disse: - Como vocês saberão, aqui termina a discussão porque eu sou o número com maior responsabilidade, até porque sou o mais valioso de todos e nenhum de vocês pode mudar essa evidência.

Terminara de falar o número 9 quando o zero (0) muito sério e enfadado por ter escutado tantas tontarias juntas, quis falar. Ia tomar a palavra quando, ao vê-lo, todos os números se puseram a rir e a perguntar:
-Que nos poderá este dizer? Que responsabilidade terá? Não é ele um Zero?

O zero (0) começou por dizer: - É bem sabido que nenhum de nós é igual. Também nenhum de nós tem o mesmo valor e a mesma responsabilidade. Contudo creio que nenhum é melhor do que o outro, apesar de que cada um tenha os seus motivos de sentir-se orgulhoso de ser quem é.
Ao escutarem as palavras do zero (0), todos os números começaram a juntar-se uns aos outros formando dezenas, centenas, milhares e milhões e desse modo deram-se conta que unindo-se cada vez mais, o seu valor era infinito.

Então começaram a dançar e a divertir-se. O zero (0), contentíssimo, disse: Como todos podeis apreciar, eu, sem dúvida, não teria nenhuma responsabilidade e valor sem os outros. Isso faz-me pensar que temos uma grande missão: mostrar aos homens que eles são como os números. Cada um é diferente e tem distinta responsabilidade e valor, mas nenhum é melhor nem mais importante que o outro. Sozinhos de pouco valem, mas unidos conseguirão um mundo melhor. Um mundo onde a responsabilidade e o valor de cada um contribuirão para a felicidade de todos.
Feliz Páscoa!  

Texto: P. António Lopes
Foto: João Cláudio